terça-feira, 31 de julho de 2007

ESCULHAMBAÇÃO ASSUMIDA

A canalhada que rí do povo, das instituições, das Leis...É a elite podre do crime comandado pelo presidente(?) e pelo PT.
por Ipojuca Pontes


"Vamos deixar como está para ver como é que fica" – Lula da Silva, repetindo o ditador VargasPor mais incrível que pareça, o governo Lula, nestes sete meses do seu segundo mandato consegue ser mais daninho do que em todo período anterior. Quando a nação estarrecida pensava, depois dos 307 escândalos ocorridos nos quatro anos passados, que o colossal repertório de crimes, falcatruas, extorsões, malversação, negligência, empreguismo e mentiras tinha se esgotado, ou pelo menos diminuído, eis que o mar de lama retorna em ondas revoltas – ou, se assim o quiserem, tempestuosas.


Os heróis oficiais do dia já não são os dirceus, waldomiros, delúbios, okamottos, valérios, dudas, beneditas, genoinos, severinos, gushikens, lulinhas, paloccis e os escroques da República de Ribeirão Preto (embora a maioria deles continue atuando a todo vapor sob o amparo do governo). Hoje, os guerreiros da temporada são os renans, ortizes, vavás, servos, zuanazzis, garcias, amorins, franklins, para não mencionar tantos outros que atuam nos bastidores, mas que, cedo ou tarde, quem sabe pelo clamor da opinião pública, ganharão os holofotes.Por sua vez, dado curioso, os escândalos agora já não atendem pelos nomes funcionais (e, até certo ponto, ecológicos) de "mensalão", "sanguessugas" ou "anaconda", todos rigorosamente impunes. Eles foram substituídos pelas apropriadas alcunhas de "operação furacão" ou "navalha" ou "xeque-mate" – nomes bem mais definidores deste segundo reinado de Lula, o Sindicalista que tudo renega saber.


Na atual temporada, o escândalo que abala a sociedade brasileira, o mais doloroso, é o do "apagão aéreo" de Congonhas, do qual o governo, querendo fugir à culpa, pode ser apontado como o responsável total e absoluto. Duvidam? Pois basta examinar, como dizem os comunistas, a "conjuntura": por uma vasta conjugação de erros que vão desde a manipulação sindical dos controladores aéreos, passando pela inação criminosa de ministros e funcionários incompetentes, todos nomeados a partir de critérios político-partidários, até a desastrosa atuação da Infraero - a empresa pública responsável pela administração dos principais aeroportos do país - tudo leva à ingerência obtusa do Planalto. Em meio à crise geral, que se avalia como uma assumida esculhambação, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, cara-de-pau, diz que a tragédia aérea é a conseqüência natural do "espetáculo do crescimento". A ministra e sexóloga Suplicy, por sua vez, de forma leviana, afirma que a saída para as vítimas do apagão é "relaxar e gozar". Já o Brigadeiro-presidente da Infraero, José Carlos Pereira, como se fosse um observador alienígena, informa que a "malha aérea nacional foi para o espaço".


E o Sr. Milton Zuanazzi, diretor-presidente da Agência Nacional da Aviação Civil, ANAC, ligado à ministra Roussef, a despeito das duas centenas de corpos carbonizados, ganha, talvez pelo feito sinistro, a medalha de Honra ao Mérito concedida pela Força Aérea Brasileira (FAB). Por fim, diante do maior e mais trágico acidente da aviação brasileira, aparece o fugidio ocupante do Palácio do Planalto para advertir a nação indignada, em discurso tão inútil quanto demagógico, que reconhece as "dificuldades" do sistema aéreo, mas que não se pode "tomar atitudes precipitadas". O desvario do segundo mandato, no entanto, não fica por aí. Num país sufocado por CPMFs, PIS/Confins, ISS, Imposto de Renda e dezenas de outros tributos que asfixiam a sociedade produtiva, o governo a cada 60 dias anuncia sucessivas contratações de milhares de novos servidores, aparelhando o Estado por força de espúrios conchavos políticos. No mesmo diapasão, ciente e consciente da impunidade, o esquema lulo-petista, além de prodigalizar permissivos cartões de crédito sem controle ou fiscalização, para o uso da privilegiada nomenclatura palaciana, torra o dinheiro público em projetos mirabolantes, tipo transposição das águas do São Francisco, considerado por muitos como um "hidro-negócio" circunscrito aos interesses da politiquice, na linha das falimentares Parcerias público-privadas (PPPs) e dos fantasiosos programas de "aceleração do crescimento".


Para culminar a performance da avacalhação total, Marco Aurélio Garcia, o "quadro" palaciano de efetiva ligação entre Lula, Fidel Castro, Hugo Chávez e Evo Morales, ao tomar conhecimento da existência de anunciado problema mecânico no fatídico avião da TAM, partiu para a obscenidade pura e simples, mandando figurativamente todos os discordantes se "f ....em". Consciente da sua importância no esquema petista, o mentor palaciano, pressionada pela opinião pública, esboçou arrogante "pedido de desculpas", emenda que saiu pior do que o soneto e só fez reafirmar a típica insensibilidade do dirigente totalitário quando no exercício do poder. No resumo da ópera a pergunta que se faz é a seguinte: o que é que essa gente "aloprada" do governo pensa? Que somos todos uns imbecis? Que somos todos uns magotes de cabras vadias? Que não temos capacidade de discernimento para enxergar o óbvio? Ora, o poder político, tal como ele se exerce no governo Lula, não pode ser considerado um privilégio, uma fonte de mando irresponsável para usufruto dos seus integrantes.


Muito pelo contrário: o governo, qualquer governo, antes de mais nada, sobretudo numa democracia representativa, é instituído em nome do povo e a ele deve respeito. Ninguém, de nenhum modo, tem o arbítrio de estar acima ou por cima do cidadão. Em tempo: o mais lamentável de tudo será a opinião pública - por pressão da propaganda enganosa e das promessas impossíveis - cair no esquecimento ou seguir a recomendação da ministra Suplicy. Aí, sim, estaremos todos urdidos e mal pagos.

domingo, 29 de julho de 2007

GESTÃO DE CRISE DE IMAGEM OU DE PROTEÇÃO DE CRIMINOSOS?


por Paulo Moura, cientista político



Um dos negócios mais lucrativos no ramo da comunicação e do marketing hoje em dia é o da gestão de crises de imagem. O ramo é novo no Brasil, mas promissor, notadamente junto a duas clientelas em especial: políticos governistas e companhias aéreas.Um dos mais destacados profissionais do setor é o jornalista Mário Rosa, que já trabalhou com Duda Mendonça. Quem tiver interesse em se aprofundar no assunto pode ouvir os comentários de Rosa sobre o tema na rádio BandNews. Mas, especialmente, deve ler "A era do Escândalo" e "A reputação da velocidade do pensamento", ambos da Geração Editorial, nos quais o jornalista descreve casos específicos e recentes de gestão de crises de imagem pública de pessoas e empresas, e aborda a problemática da gestão da imagem/reputação numa sociedade midiática e globalizada com as características da atual.


O governo Lula incorporou essa tecnologia ao seu arsenal de manipulação da opinião pública, tudo indica, a partir do escândalo do mensalão, tendo obtido surpreendente sucesso ao proteger Lula do escândalo e possibilitar a recuperação da imagem do governo após o caso. A reeleição do chefe do governo mais corrupto da história do Brasil é case internacional em qualquer congresso da área. Ao observador atento, certamente não terá escapado a percepção de que técnicas apuradas de manipulação da opinião pública, nos casos dos acidentes da GOL e da TAM, e do apagão aéreo em geral, estão sendo postas a serviço da impunidade do réu número e seus principais cúmplices nesses crimes. Aliás, curiosamente, o primeiro caso citado por Rosa em "A era do escândalo", é o da gestão da imagem da TAM no acidente com o vôo 402, no qual, em 31 de outubro de 1996, 99 passageiros morreram na queda de um Focker 100 nas cercanias do aeroporto de Congonhas.Recomendam os manuais, que, em casos como esses, deve ser montado um enxuto, flexível e ágil "Comitê de Gerenciamento de Crises" (CGC). Composto por cerca de oito integrantes apenas, o CGC recebe a incumbência de analisar situações e administrar respostas eficazes para evitar ou minimizar danos à imagem do cliente. Inúmeras táticas informação e contra-informação, assim como técnicas de manipulação de dados e modelos informáticos de projeção de cenários foram desenvolvidos pelos especialistas e postos à disposição de pessoas, empresas e governos envolvidos em crises de imagem.A sofisticação das formas de manipulação de dados e informações numa sociedade imersa em inúmeros canais de comunicação multidirecionais e multidimensionais, através dos quais os indivíduos são bombardeados diariamente por uma profusão enorme de informações, torna cada vez mais difícil saber-se o que realmente está por trás das versões dos fatos noticiados pelos meios de comunicação.Um recurso visivelmente em uso pelo governo no caso dos acidentes da GOL e da TAM, por exemplo, é o mascaramento da fonte emissora.


O mix básico do processo de comunicação pressupõe a existência de um emissor; um ou mais canais de difusão; a mensagem, e, finalmente, o receptor. Em cada um desses componentes do processo de comunicação, ou em mais de um deles simultaneamente, é possível interferir com técnicas de manipulação cujo objetivo é camuflar o verdadeiro emissor de uma mensagem. O uso de múltiplos canais para difusão de mensagens alternativas ou contraditórias para testar reações ou semear confusão e conflito entre os receptores, também é um recurso em uso pelo governo. Aliás, foi por isso que Lula, covardemente, desapareceu da mídia nos dias imediatamente subseqüentes ao acidente da TAM. Seu CGC precisava de tempo para pensar nas versões, difundi-las e testá-las, de forma a permitir o responsável número um pela crise aérea e pelos acidentes somente viesse à publico quando a confusão estivesse semeada e o script de suas falas e aparições públicas estivesse elaborado e planejado.


]Uma garimpagem atenta do noticiário sobre os dois acidentes aéreos permitirá listar-se dezenas de explicações contraditórias para cada um deles, todas revestidas de linguajar "técnico", supostamente vazadas para a imprensa a partir de "relatórios oficiais e sigilosos" a que "nosso competente jornalista teve acesso" para produzir o furo de reportagem do veículo. Ou ainda, plantadas na mídia por especialistas-spindoctors, especulando sobre possíveis explicações, todas elas coerentes, mas nunca fundamentadas em provas efetivas que existem, mas nunca são divulgadas. Através desses expedientes, o emissor abastece líderes de opinião de versões confusas e conflitantes sobre o fato, de forma a impedir a formação de uma onda unificada de opinião pública contra o emissor. O que causou o acidente com o Boeing da GOL? Falha dos controladores de vôo? Falha dos pilotos da GOL? Falha dos pilotos americanos? Falha no sistema de radares? A explosão do Boeing? Falha do sistema de comunicação? Blá, blá, blá ... Passaram-se dez meses do acidente, a caixa preta foi decodificada, o Ministério Público, a Polícia Federal, a CPI do Congresso e técnicos do governo foram acionados para investigar as causas e identificar os responsáveis. Mas a verdade nos é sonegada e os verdadeiros criminosos seguem impunes.


Quem causou o acidente da TAM? A falha de projeto do Airbus que colocou o manete da rebimoca da parafuseta do reverso da turbina esquerda que entrou em funcionamento oposto ao do procedimento devido? Falha do piloto? Falha de manutenção da TAM? Água na pista? Excesso de combustível no tanque do avião, causando sobrepeso na aeronave? A autorização para pouso de aviões do porte do Airbus num aeroporto que não comporta aviões desse tamanho? A falta de grooving (palavrinha mágica plantada na imprensa para alimentar as falas de gente que gosta de bancar especialista em certos círculos sociais) na pista? A pressão das gananciosas companhias aéreas impedindo o fechamento da pista num mês de grande demanda de passageiros? O hotel que Marta Suplicy teria autorizado construir nas cercanias do aeroporto, provocando a redução da pista? E blá, blá, blá ...; lá se vão mais criminosos impunes.


No caso em questão, dado que o governo e a TAM montaram seus gabinetes de crise e travam uma luta para se safarem dos prejuízos às suas respectivas imagens, bolsos e poderes, o cenário tende a ficar mais confuso devido à possibilidade de que táticas como essas estejam sendo usadas simultaneamente pelos dois responsáveis solidários pelo acidente. Contribui para agravar a situação, a volúpia de parlamentares; técnicos; especialistas; comentarias políticos e outros palpiteiros em busca de quinze minutos de fama ou de propaganda política gratuita, ou ainda, de veículos de comunicação em busca de manchetes bombásticas, leitores e audiência. Parece complicado? Pois, graças à difusão viral de informações e as características de hipersegmentação; multidirecionalidade e multimensionalidade das trocas de mensagens que a internet possibilita e induz, as coisas se complicam ainda mais, já que o poder de semear confusão dilui-se pelos terminais de computador de uma infinidade incalculável de emissores/receptores, levando o processo a um crescente nível de abstração e complexidade de difícil decodificação.


Um excelente artifício para buscar a verdade por trás dessas sofisticadas técnicas, nesse caso, empregadas para mentir e proteger criminosos; é recorrer às conhecidas perguntas que os policiais se fazem no início de investigações de crimes em que as provas e evidências estão bem ocultas.A quem interessa esconder a verdade sobre o crime?Ao governo, e dentro dele, à cadeia de responsáveis diretos e indiretos, todos comandados pelo presidente da República.


E, às companhias aéreas, conforme comprovado pelo tratamento dispensado aos passageiros nos procedimentos de gestão das atividades que a elas compete na prestação de serviços de transporte aéreo.O que ganham os beneficiados com a ocultação das provas e evidências do crime?A preservação de suas imagens públicas; a sobrevivência no poder; dinheiro sujo de sangue, e, principalmente, a impunidade pelos crimes cometidos.

sábado, 28 de julho de 2007

LULA NÃO TEM CONDIÇÕES DE GOVERNAR O BRASIL

Sem moral, sem poder, incompetente, estúpido, corrupto e corruptor...Lula é o PT o PT é Lula: uma desgraça que o Brasil precisa superar! FORA LULA! FORA PT! FORA COMUNISTAS!





por Augusto de Franco




Quase ninguém fala, mas está claro, claríssimo, para quem quiser ver, que Lula não tem condições de governar um país complexo como o Brasil. Não, não se trata de falta de escolaridade, leitura, interesse em aprender alguma coisa, disciplina intelectual para encarar qualquer assunto árduo até o final. Isso ele não tem mesmo. Nunca teve. Mas não é em virtude dessas deficiências que Lula não tem condições de governar o Brasil. E sim em virtude da sua falta de responsabilidade.Nossos destinos estão nas mãos de um irresponsável. O jornalista Ricardo Noblat caracterizou bem o personagem, num artigo na última segunda-feira (23/07/07) no seu blog: "É preciso dizer mais o quê sobre o comportamento de Lula? Que ele faz o tipo do malandro esperto que costuma se esconder ao ser confrontado com algum fato capaz de causar danos à sua imagem? Não foi assim no caso do mensalão? Que costuma ser antes de tudo solidário com os amigos metidos em encrencas? E que depois entrega a cabeça deles para salvar a sua?" Quando um presidente da República é tratado assim por um famoso jornalista e não acontece nada é sinal de que o governante já perdeu o respeito dos governados. Noblat está certíssimo.




Ele não desrespeitou Lula, foi Lula que desrespeitou o cargo que ocupa, que não se deu o respeito que a função exige.Quem é, na verdade, esse Lula? Quem é esse chefe de Estado que, quando surpreendido pela descoberta de algum crime ou grave irregularidade cometida por seus subordinados, diz que foi traído, faz cara de vítima, se preciso for chora (de preferência se estiver sendo filmado) e simula surpresa sem nem sequer ficar corado? Quem é esse ser (como disse certa vez o Reinaldo Azevedo) desprovido de superego?Esse é o homem – inconfiável – que nos governa. Sim, inconfiável, porquanto o problema de Lula não é intelectual. Ele é despreparado, por certo, mas muito sabido.




Acima da média. O problema de Lula é de ordem moral. Ele não parece ser bem provido daquela faculdade misteriosa que causava tanta perplexidade a um Kant: a consciência moral. Do contrário como explicar que tenha sido capaz de sumir de cena após o acidente do Airbus da TAM, preocupado somente em preservar sua imagem? E como explicar que não tenha sequer advertido publicamente seus assessores Marco Aurélio "Top, Top, Top" Garcia e aquele tal Bruno "Fuc, Fuc" Gaspar que aviltaram a nação e tripudiaram sobre as vítimas com seu comportamento indecente?Por uma dessas infelicidades históricas, que às vezes causam malefícios irreparáveis aos povos, Lula assumiu o governo tendo como oposição o PSDB. Se Lula e seu governo são responsáveis pelo apagão aéreo que já vai colecionando centenas de vítimas e por todos os outros apagões – logístico, administrativo e, sobretudo moral da República – os tucanos são responsáveis, diretamente responsáveis, pela manutenção de Lula no governo. E assim são indireta mas solidariamente responsáveis pelas tragédias e desgovernos que já aconteceram e pelas que ainda vão acontecer.




Não, infelizmente não acabou. Ou alguém acha que a partir de agora, sem nenhuma mudança de comportamento de Lula, sem qualquer alteração substantiva na composição e na forma de funcionamento de seu governo, as coisas vão melhorar?Parece claro hoje, para muitos, como já estava, àquela época (em agosto de 2005), para alguns, que Lula não poderia ter continuado na presidência depois da descoberta do esquema do mensalão e da sofisticada organização criminosa montada por seus auxiliares e correligionários no Palácio do Planalto. Em qualquer nação civilizada do mundo, em qualquer país sério, aquilo já bastaria para defenestrar legitima e democraticamente um governante, sem prejuízo da aplicação de outras sanções penais também cabíveis. Mas o que fez o PSDB? Livrou Lula do naufrágio, oferecendo-lhe a tábua de salvação do palanque de 2006. Era previsível, era óbvio, pela simples observação do comportamento aparelhista, incompetente, irresponsável e corrupto desenvolvido pelo governo Lula a partir de 2003, que a coisa não poderia dar certo.




Lula, por sua vez, mantido pela oposição, nada fez para se redimir, para tomar prumo, para tentar acertar. Continuou exatamente como era antes, como sempre foi. Continuou apoiando e protegendo gente como "o nosso Delúbio" ou como o "seu" Renan. Continuou tendo duas caras, uma para dentro e outra para fora. Continuou manipulando a opinião pública e enganando os tolos, em especial àquelas elites contra as quais invectivava, mas nas quais se apoiava.Como se nada tivesse acontecido, a partir do segundo semestre de 2005, Lula continuou montando, – como corretamente diagnosticou, na época, o seu atual ministro das ações de longo prazo – o governo mais corrupto da história do país. Loteou tudo o que pode, utilizou todos os cargos e recursos públicos para fins partidários privados, comprou uma base inteira de apoio parlamentar, violou a autonomia das agências reguladoras (e esse ex-vendedor de bilhetes aéreos que ele colocou na direção da ANAC é um símbolo perfeito do esbulho que promoveu no Estado, na base do mais grosseiro ‘Spoils System’).Ele mentiu, como hoje a TAM continua mentindo para os passageiros.




Ele vendeu o que não tinha, vendeu e não entregou, da mesma forma como a TAM continua fazendo overbooking e não é punida pela ANAC. Ele permitiu que seus auxiliares de refestelassem nos cargos, defecando e andando para a população, como aquela mulher do charuto (da ANAC, gente do seu "capitão do time", Dirceu, não?), a qual, aliás, foi agora oficialmente condecorada pelos seus altos méritos aeronáuticos. Está certo: na ‘Era Lula’ o mérito sem honra é sinônimo da capacidade de seguir um script de aparelhamento e de corrupção.Ele nos sonegou informações, assim como a Infraero – aquele órgão loteado entre seis partidos, que reformou os aeroportos com cerâmica cara e granito vermelho, mas não teve a idéia de consertar as pistas ou aumentar os postos de check in – nos sonega todos os dias.Ele avacalhou as Forças Armadas, humilhou a Aeronáutica, bypassou a hierarquia, desautorizou os comandantes, obrigou altos oficiais a mentirem para a população com explicações fajutas de que temos o melhor sistema de controle de tráfego aéreo do mundo. E esses funcionários do Estado (imaginando-se subordinados às conveniências políticas de um governo, o que constitui falta gravíssima porquanto representa uma intervenção do poder militar na esfera civil), irresponsavelmente, vêm a público levantar – antes de terem apurado qualquer coisa – a hipótese de sabotagem para explicar o mais recente "apagão" (o amazônico) e criar um diversivo (deixando "no ar" a suspeita: ‘quem sabe todo o caos aéreo não passe de um golpe solerte dos controladores de vôo ou, quem sabe, melhor ainda, de um agente infiltrado da oposição?’). Deveriam ter vergonha esses militares que, com tal comportamento, estão derruindo suas próprias tradições.




Forças Armadas não podem divulgar levianamente teses especulativas; e mesmo que fosse sabotagem de subordinados, em uma instalação militar a responsabilidade é de quem, senão do comando? Ou seria do inimigo? Que inimigo?Talvez a responsabilidade maior seja nossa mesmo, dos brasileiros, que já sabemos quem é Lula, mas, até agora, ficamos assistindo tudo de braços cruzados.Sim, já sabemos quem é Lula. Mas quem somos nós, os brasileiros, que – com o nosso cala-consente e com a nossa covardia – deixamo-nos desgovernar por um tipo como esse por tanto tempo? Ora os brasileiros somos esses mesmos cordeirinhos que entramos hoje numa aeronave, ficamos duas horas trancados, com cintos de segurança afivelados, parados no pátio. E depois, sem termos recebido qualquer explicação convincente, voltamos para o saguão dos aeroportos de rabo entre as pernas.Não é necessário mais nenhum dado, nenhuma análise. Está provado: Lula não tem condições de governar o Brasil. Sobretudo não tem condições pessoais de continuar na presidência.




Pouco importa se ele ainda tem altos índices de popularidade e, com seus 67%, já esteja quase alcançando os 70% que Fujimori, aquele bandido que governou o Peru na década de 1990, tinha no seu período áureo, quando assaltava os cofres públicos e violava os direitos humanos. Pouco importa se os pensionistas do "Bolsa-Esmola" e os "pensionistas" do BNDES continuam apoiando-o. Lula deveria ser removido da cadeira que ocupa em nome da decência, pelas pessoas de bem deste país. É um imperativo ético e democrático, que já está virando uma questão de saúde das nossas instituições e de saúde pública inclusive.É claro que o governo corrupto de Lula da Silva é um governo ilegítimo – coisa que até agora as oposições não viram, ou não quiseram ver, imaginando que o PT é uma força política normal como as outras, que tem lá seus defeitos mas joga dentro dos marcos da democracia. Aliás, já estamos pagando o preço por essa incompreensão. Mas não é disso que se trata aqui e sim da falta de condições pessoais do governante para continuar na presidência da República.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

ACIDENTES DA GOL E DA TAM SÃO ASSASSINATOS DOLOSOS


Aos leitores que notaram o descompasso de meus últimos artigos com os acontecimentos recentes da conjuntura brasileira, informo que estive, por dez dias, fora do Brasil, tendo deixado artigos prontos para cumprir meu compromisso com Diego. Soube apenas superficialmente do acidente com o Airbus da TAM. Ao retornar ao Brasil vivenciei, como Denis Rosenfield descreveu em seu artigo de ontem, minha história pessoal de vítima do caos aéreo. Mas, nada se compara à emoção e a dor das tristes descobertas que fui fazendo algumas horas após pisar em solo brasileiro.


Morreu no acidente da TAM a nora grávida de um amigo pelo qual guardo enorme respeito e admiração pelos anos de convivência fraterna e aprendizado intenso do que sei sobre política. Seu filho, um jovem advogado que conheci profissionalmente, assim como todos os seus familiares, jamais serão reparados pela dor dessa perda, agravada pela eventual impossibilidade de uma cerimônia fúnebre com o corpo presente de seu ente querido.O senhor Marco Aurélio é gaúcho de nascimento e iniciou aqui sua carreira política no movimento estudantil, tendo convivido com meu professor. Seu gesto obsceno, se já não fosse grave e emblemático indicador da demência de nossos governantes, é estúpida, insensível e injustificável agressão adicional à dor das famílias vítimas.


O impacto desse gesto, por razões evidentes, foi mais pesado ainda para os membros dessa família em especial. Difícil conter as lágrimas ao ouvir meu amigo ao telefone descrevendo sua dor, e novamente agora, ao escrever essas linhas.Para Lula e seus séqüito de burocratas, animais políticos no mais primitivo e degradante sentido da expressão, tudo se resume a livrarem-se da punição pelo crime doloso que cometeram e cometem nos dois acidentes e na gestão do caos aéreo nacional. Os gabinetes de crise que o governo e a TAM montaram, não visam consertar o caos que produzem, mas à proteção dos danos às suas respectivas imagens. Cabeças vazias são entregues aos leões, versões improvisadas que não resistem poucas horas para as causas do acidente, e conhecidas táticas diversionistas de contra-informação e desorientação da opinião pública vêm sendo usadas para proteger os culpados pelo acidente GOL, e novamente no caso da TAM.


A impunidade é a meta dos responsáveis. Poder e dinheiro estão acima de tudo para essa gente hipócrita. As declarações de Lula evidenciam textos e roteiros meticulosamente construídos por marqueteiros inescrupulosos com o único objetivo de evitar que a imagem do "pai dos pobres" seja prejudicada pela revelação de seu verdadeiro conteúdo oculto, prenhe de podridão moral.Segundo o Dicionário Aurélio o significado jurídico do termo "dolo" é: "Vontade conscientemente dirigida ao fim de obter um resultado criminoso ou de assumir o risco de o produzir."Menos de 24 horas após chegar ao Brasil, recebi por e-mail a gravação do trecho de um discurso que o deputado Júlio Redecker (PSDB/RS) fez no Congresso Nacional sobre o acidente com o Boeing da GOL, denunciando a responsabilidade do governo Lula, na figura da Casa Civil da Presidência da República, sobre as mortes daquela tragédia. Segundo a denúncia documentada do deputado, houve deliberado contingenciamento de verbas para modernização dos aeroportos, desde 2005, mesmo diante dos reiterados alertas de técnicos envolvidos na avaliação do setor, de que acidentes aéreos ocorreriam como conseqüência dessa decisão. De forma trágica e involuntária, o deputado Redecker vaticinou sua morte, provando com o sacrifício da própria vida a acusação de assassinato doloso que recai sobre os ombros dos responsáveis por esse desgoverno e pelas companhias aéreas. Em meio ao mar de mediocridade e corrupção que reina sobre o parlamento brasileiro, o deputado Redecker, a quem conheci profissionalmente, era uma digna e honrosa exceção. Líder vocacionado para o poder, marcado por sólidas convicções morais, preparo técnico e intelectual, inclusive com formação acadêmica no exterior, o deputado tucano tinha todas as qualidades para exercer mandato executivo a testa de um governo estadual, ministério e, no futuro, mesmo a Presidência da Republica, se o destino lhe oferecesse essas oportunidades.


A dor de sua família não é menor que a dos demais familiares das outras vítimas. Sua morte priva-nos, como cidadãos brasileiros, também da esperança de que um dia líderes dignos da grandeza moral que deve pautar a conduta dos homens públicos voltem a nos governar.Desde os tempos da agonia da Varig, protagonizada pela estupidez de seus gestores e somada aos noticiados lobbies de ilustres petistas interessados na intermediação da sua venda para TAM, evidencia-se pela forma como autoridades lidam com uma crise dessa gravidade, que a mão da corrupção contamina com irracionalidade as decisões que pautam os inescrupulosos interesses políticos e econômicos dos abutres que tripudiam sobre a tragédia das vítimas e da nação vilipendiada. Ironia do destino confirma o dito chinês que lembra que pactos entre ladrões terminam no minuto seguinte ao roubo, na hora da partilha do butim.A se confirmar a denúncia de que a redução da pista de Congonhas para a construção de um hotel teria sido autorizada pelo governo de Marta Suplicy, mais uma ré e outros tantos réus devem contas à Justiça Criminal, às famílias da vítimas e à nação.


Dispensável nomear o responsável número por esses e tantos outros crimes de lesa pátria que desfilam pelo noticiário desde as denúncias de Roberto Jefferson. Mas, as companhias aéreas, movidas pela cobiça de ocuparem o vácuo deixado pela Varig, têm sua parcela de culpa nesse descalabro. No dia 24 passado, ao retornar ao Brasil, embarquei num Airbus da TAM, igual ao acidentado em Congonhas, no aeroporto de Cumbica. Em meio ao caos no saguão do aeroporto, répteis furavam a fila de check in dos participantes do programa de "fidelidade vermelha" da TAM, com a cumplicidade passiva de uma funcionária que se negava, agredindo verbalmente passageiros indignados, a fornecer sua identificação completa para denúncia aos órgãos competentes.


O vôo, com decolagem prevista para as 07:50, encontrava-se na cabeceira da pista às 09:30, quando recebeu ordem de retornar ao pátio de embarque, pois um ônibus que transporta passageiros dos portões térreos do aeroporto, perambulava pela pista desorientado em busca do avião no qual deveria despejar 40 cidadãos brasileiros esquecidos pela TAM. Segundo admitiu uma "voz feminina" da TAM, no alto-falante do avião, a tripulação havia sido informada pelo setor de embarque da própria companhia, que os passageiros já embarcados compunham o total a ocupar a aeronave para aquela viagem. Como se não bastasse, diante dos comentários estupefatos dos passageiros, "uma voz masculina" da TAM na aeronave, abandona o script padrão das orientações obrigatórias antes da decolagem e, ao pedir, em linguagem coloquial e debochada, a atenção dos passageiros para o VT com as instruções de segurança, comete um erro técnico de operação do aparelho de vídeo e afirma no alto-falante: "Eu sempre erro isso aqui". E ri como quem ignora o risco de morte iminente de todos os embarcados, do qual poderia se tornar vítima. E cúmplice.Ninguém me contou. Meus familiares e eu vivemos. E, felizmente, sobrevivemos. Sem comentários.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

TESTEMUNHO


Da gang do mensalão, dossiê tucano ao assassinato da TAM...Estão todos no governo do crime(foto)!
por Denis Rosenfield



Nada como uma experiência, por mais lamentável que seja, para que se possa ter uma idéia mais precisa, e mais real, do que acontece no tráfico aéreo brasileiro. E deve ser bem uma questão de tráfico, de influência, de recursos públicos, de cargos loteados entre os companheiros e de incompetência administrativa. As companhias aéreas, provavelmente de tão protegidas oficialmente, parecem nada temer. Se a impunidade reina, como revelam os escândalos do mensalão, dos companheiros-aloprados, dos sanguessugas, nada mais normal para as ditas empresas de aviação seguirem o mesmo caminho. Lula se deu ao luxo de emprestar a sua solidariedade e compreensão para todos os companheiros envolvidos com o desvio de recursos públicos. Foi ele também incapaz de prestar solidariedade e apoio aos familiares das vítimas do acidente da TAM. Deveriam os donos das empresas de aviação comportar-se diferentemente? Terão igualmente o seu afago! Segunda à noite, 23 de julho, eu tinha um vôo previsto da TAM de Londrina para Curitiba, tendo Porto Alegre como destino.



Fiz check in 40 minutos antes do embarque, às 19.15 horas. Disseram-me que havia um atraso de pelo menos 1.30 hora, devendo eu aguardar. Foi o que fiz. Depois de sucessivos atrasos, fomos chamados para o embarque às 22.30 horas. Um pouco antes de entrarmos no avião, fomos avisados de que o aeroporto de Curitiba estava fechado e, caso não fosse possível pousar neste aeroporto, o faríamos no aeroporto de Joinville ou no de Florianópolis. A companhia poria um ônibus à disposição para fazermos o deslocamento para Curitiba. Já dentro do avião, o comandante confirmou o que acabo de relatar.



Depois um silêncio de mais de uma hora, dentro da própria aeronave, sem que nenhuma informação fosse prestada, apesar da insistência dos passageiros, nada foi comunicado. As comissárias diziam que iriam se informar, pois o comandante estava sempre no telefone, não podendo nos atender. Fechado na cabine, assegurava o seu isolamento. Havias pessoas com fome, cansadas, algumas, devido a conexões, com mais de 40 horas de problemas. De repente, sem que nada fosse explicado, foi-nos comunicado que o vôo estava cancelado. Simplesmente isto. Cancelado! Houve ainda um toque de maior perversidade quando um comissário ainda nos informou que não havia hospedagem prevista, nem possível, em nenhum hotel de Londrina. Simplesmente isto. Desembarquem e se virem, esta foi mensagem! Direito do consumidor? Existe isto?Jamais tinha visto tal grau de desrespeito para com os clientes, que, aliás, pagam por esse péssimo tratamento. Devemos ser masoquistas! Eles, porém, enchem os bolsos! É como se os cidadãos desse país, fossem gado, manipulado por empresários inescrupulosos, mancomunados com as ditas autoridades (ir)responsáveis.


Não há nem para quem apelar, pois os (ir)responsáveis da ANAC e da Infraero contribuíram fortemente para que o país chegasse a essa situação de calamidade. Uma passageira gritou: quem votou em Lula? Ninguém respondeu. Os eleitores foram para o espaço, junto com a credibilidade dessas ditas empresas.A desdita não terminou, porém, aí. Comprei uma outra passagem de Londrina para Porto Alegre, na Gol, com partida prevista às 6.15 horas da manhã. Voltei para o hotel no qual estava hospedado e, graças a isto, consegui um quarto. Dormi 3 horas e, às 5.15 horas estava no saguão do Hotel. Encontrei, por coincidência, um funcionário da Gol que tinha vindo avisar outros passageiros de que o vôo estava cancelado. Contudo, tinham outro avião chegando para o vôo das 12.40 e que seria conveniente aguardarmos no Hotel. Conselho sensato naquela circunstância. Eles viriam por nós às 10.30 horas. Vieram, na verdade, às 11 horas para nos dizer que esse vôo estava 3 horas atrasado, sem nenhuma previsão. Ademais, havia uma possibilidade de cancelamento muito forte, acima de 50%, segundo ele por condições metereológicas. Foi-nos, então, dada a alternativa de viajarmos de ônibus para Porto Alegre, Passo Fundo, Curitiba e São Paulo. Uma mesma proposta tinha sido feita pela TAM para outro passageiro, com quem tomei o café da manhã, às 6.00 horas.


E alguns aceitaram satisfeitos! A isto chegamos! Imaginem a cena: funcionários oferecendo viagens de ônibus para clientes de companhias aéreas. As empresas aéreas estão se tornando empresas de ônibus! O caos aéreo está resolvido. Os aviões serão vendidos e, em seu lugar, elas comprarão ônibus! Eis a nossa nova modernidade. Eu, de minha parte, aluguei um carro com motorista e fiz uma viagem de 14 horas, chegando a Porto Alegre, às 3.00 horas da manhã. Perguntei-me se tinha voltado no tempo. Indaguei-me também: quem votou em Lula?

quarta-feira, 25 de julho de 2007

INDIGNAÇÃO DEMOCRÁTICA


por Sebastião Paixão Jr.


Creio que todos os cidadãos que se julguem probos e honestos estejam insatisfeitos com os desmandos da política. Acontece que nossa insatisfação é passiva e inerte. Objetivamente, não fazemos nada para mudar uma corrupção cada vez mais escancarada e ordinária. Os lacaios da política perderam todos os limites éticos; solapam abertamente o patrimônio público e, no seu íntimo, devem dar uma bela gargalhada daqueles que se atrevem a impugná-los. A extrema ousadia dos corruptos é respondida com uma conivência cândida por aqueles que se julgam de bem. Com isso, silenciosamente, aceitamos todos os abusos que ocorrem no país. E o mais grave: somos partícipes omissos dessas desventuras.A questão é que não queremos nos incomodar. Afinal, porque eu deixarei tranqüilidade do lar e da vida privada para comprar briga com poderosos profissionais da corrupção? Para que suportar pressões e eventuais ameaças sobre minha família? Por que, logo eu, terei que tomar a iniciativa se esse país está fadado ao martírio da desonestidade? Imaginar um Brasil honesto não seria coisa da ingenuidade juvenil? Enfim, é assim que pensamos.



Cremos que a situação é insolúvel, pois tudo parece estar corrompido. Enquanto isso, os lobos fazem a festa para o olhar passivo dos cordeiros.A nossa inação está nos matando. Entregamos, todo mês, 27,5% de nossa renda para um governo que sequer possui escolas decentes para nossas crianças; para um governo que sequer proporciona uma saúde pública mínima e eficaz; para um governo que oferece uma previdência pueril; para um governo que não consegue construir estradas e aeroportos com condições de dirigibilidade e segurança; para um governo que deixa nossas florestas serem devastadas à luz do sol; para um governo ineficiente e, pior, completamente omisso no combate da corrupção endêmica que se espalha por todos os quadrantes do setor público.


Ora, é no seu salário suado, contribuinte, que estão botando a mão e você ainda fica quieto?Somos uma democracia, mas não temos cultura democrática. Nossa apatia diante da escancarada desonestidade política revela nosso pouco apreço às instituições republicanas. O recente escândalo do Senado é paradigmático. A presidência da Alta Casa legislativa, que deveria ser sinônimo de austeridade e decência, vê-se envolvida em denúncias indecorosas de grosso calibre. E, ao invés da preservação do Senado da República com o afastamento do cargo até o final das investigações, prefere-se a manutenção das influências do cargo para fins de interesse pessoal. O Conselho de Ética, órgão responsável pela proteção do decoro e da dignidade legislativa, é outro retrato da desordem; de tantas idas e vindas, virou exemplo do descrédito parlamentar e da ética do faz-de-conta. Se isso não bastasse, vimos novamente a renúncia servir de válvula de escape.


Para um sistema que privilegia a impunidade reinante, a renúncia parlamentar não deixa de ser uma honrada forma covarde de dizer adeus sem a perda dos direitos políticos. E não é de se duvidar que, no próximo pleito, a saída pela porta de emergência seja premiada com o voto altista do eleitorado. Com isso, nossas instituições definham com uma assustadora conivência das urnas. A questão é: o que fazer?Ora, resta claro que o problema do Brasil não é a falta de dinheiro; recursos sobram até pelo ralo. O que nos falta é indignação democrática que faça e exija seriedade e decência daqueles que se querem políticos. A democracia não sobrevive sem a devida responsabilidade dos agentes públicos. E somos nós, cidadãos, que temos o ônus de cobrá-la. Estamos chegando a um momento limite da vida política brasileira: ou retomamos e fazemos valer as regras do sistema democrático-constitucional ou seremos tragados por um movimento político de dominação definitiva da coisa pública para fins privados e partidários. Talvez, quando nos dermos conta dos efeitos nefastos da nossa conivência inerte e passiva, já seja tarde para lutarmos pelos direitos da liberdade. Até ela – liberdade – já vai ter sido roubada.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

IRRESPONSABILIDADE ASSASSINA

*Lembremos também dos que "metem a mão na merda por Lula"


por Maria Lucia Victor Barbosa




Mais uma vez o luto e a dor se abatem sobre o País. Em setembro do ano passado foram 154 mortos no que se chamou de pior desastre da aviação brasileira. Nenhuma providência foi tomada pelas autoridades para resolver o caos aéreo. Apenas promessas vagas. Simulações de ordens partindo do presidente da República. Eleição de culpados como pilotos norte-americanos ou cachorro na pista. Bilhões gastos no PAN. Nenhum recurso para renovação dos aparelhos de controle aéreo. Nenhum treinamento para novos controladores de vôo. Obras suspeitas de superfaturamento em Congonhas.Agora o pior acidente foi superado. Já se fala em quase 200 mortos, incluindo as pessoas que estavam no prédio da TAM. Mais uma vez emerge claramente a incompetência assassina, a indiferença brutal, a covardia das esquivas, o cinismo das explicações que não explicam.






Tudo isso não vem do botequim da esquina, mas das autoridades constituídas que incluem, naturalmente, o presidente da República.Onde está o sempre confuso e inoperante ministro da Defesa? Onde está o comandante da Aeronáutica para dar explicações adequadas à Nação? Onde estão os responsáveis pela Infraero e pela Anac? Onde está o presidente da República, que tão afeito a luzes e câmaras, a constantes aparições televisivas desta vez não entrou em cadeia de rádio e televisão para consolar as famílias enlutadas? Ou avião é coisa de rico e ele só se dirige aos pobres, aos grotões que digerem facilmente seu gesticular furioso e alucinado, que se empolgam com seus esgares e com seu palavreado chulo próprio dos demagogos que, sedutores de massas entusiasmam os mais carentes? As autoridades (in)competentes estão mergulhados em silêncio ensurdecedor.






Será que o presidente Lula da Silva não aparece por estar de ressaca cívica depois das vaias recebidas no Maracanã de 90 mil gargantas? Pode ser, pois, em que pesem as teorias delirantes e sem nexo dos seus áulicos, dos ptbulls hidrófobos que tentam explicar o monumental apupo, LILS sabe que por uns momentos, os mais constrangedores pelos quais já passou, ficou nu como o rei da história. O gigantesco palanque constituído para sua apoteose triunfal no PAN falhou miseravelmente. Simplesmente porque não houve controle oficial. Aquilo foi diferente dos auditórios fechados, das platéias selecionadas, das claques que o aplaudem em comícios encomendados e em inaugurações planejadas. E ele deve saber que a perniciosa e venenosa tese da "elite branca" especialmente postada no Maracanã para vaiá-lo, não passa de um blefe ideologicamente imbecil dos companheiros. Por tudo isso, quem sabe, Sua Excelência está sem ânimo para se dirigir aos brasileiros nesse momento de tanta dor. Prefere convocar uma reunião no Palácio e chamar alguns de seus auxiliares.






Eles discutem como poderão tirar partido da desgraça para exaltar ainda mais a figura luminosa do salvador da pátria. Decreta-se luto oficial. Aposta-se no esquecimento rápido de mais essa tragédia. Pede-se tempo para averiguar os fatos. Elabora-se algumas teorias idiotas para justificar o acidente, e pronto. E só aguardar a próxima queda de avião, porque a continuar a incompetência assassina governamental o horror irá fatalmente se repetir. Pena que agora não tem pilotos americanos para levarem a culpa. Mas não é difícil incriminar o piloto que não conseguiu frear o avião. Alguém tem que ser culpado. Menos a Aeronáutica, a Infraero, a Anac, o tartamudeante ministro da Defesa e, principalmente, o presidente da República. Este, além de ser infalível como o Papa, de nada sabe, nada vê, por nada é responsável. Se fosse outro o presidente o que fariam os petistas? No mínimo pediriam o impeachment.






Lula, porém, é intocável. Mas quantos ainda morrerão assassinados oficialmente pela incompetência das autoridades? Não se sabe. Melhor recorrer às estradas. Mas com muito cuidado porque estão em péssimo estado. Como tudo nesse governo, a operação tapa-buraco na última campanha presidencial foi uma farsa. Mais uma como o fracassado Programa Fome Zero ou seu substituto Bolsa Família que tem problemas de fraudes em 90% das cidades recentemente auditadas. Sem falar nas inexistentes PPPs e outras propagandas enganosas. Nas estradas ainda há chance de sobreviver.




Nos aviões é quase impossível. Ainda que os pilotos sejam de uma habilidade e de uma competência incríveis para poder contornar todos os perigos oriundos do controle aéreo, das pistas molhadas, etc. Eis a condição dos meios de transporte num país com as dimensões do Brasil. E o presidente da República ainda tem o desplante de dizer que nunca estivemos tão bem desde a Proclamação da República.Curva-se de dor o Brasil nesse momento. Até quando se curvará a pátria diante dos desmandos que ora presenciamos? Até quando os brasileiros serão enganados, intoxicados com a propaganda petista? O que somos, um rebanho imbecilizado ou um povo capaz de cobrar de seus governantes o cumprimento dos deveres para os quais os elegemos? Quantos ainda morrerão em desastres aéreos para que o Brasil possa acordar dessa letargia idiotizante?

terça-feira, 17 de julho de 2007

PELA HONRA DE SER VAIADO

Devo dizer: Lula, você vai superar a vaia. Foi apenas um Maracanã, coisa pouca. Vamos, companheiro, ânimo! Você poderia ter feito pior. Você nem sequer falou. Se discursasse, a vaia poderia ter sido bem maior. Empate no campo adversário é quase vitória.Li que você ficou tristinho. Se para o presidente não interessa o que aconteceu, talvez interesse somente a palhaços como eu. Ou a outros tantos que se esforçam em enviar cartas aos jornais, contra e a favor. Sinto o mesmo misto-quente de sensações.
De um lado, o representante do meu país não fala ao mundo o orgulho de sediar o Pan. De outro, é bom que você, Lula, perceba que não é unânime. Nenhum palhaço o é.Nós, os palhacinhos, sempre ensaiamos para o aplauso, mas a vaia, traiçoeira, vem de surpresa. Vaia não vem no contrato, ela surge do nada, como cobrança de CPMF. O risco é que o provisório se torne definitivo. E pode até se tornar motivo de (r)emenda constitucional.Se te consola, pela minha experiência de picadeiro, a sua vaia aconteceu porque você não foi criativo. Muitos cerimoniais, pelo menos dois, e pouco improviso. Justo você, presidente, tão bom em segurar na bossa, dançou na terra da bossa nova.Ser vaiado é uma honra, pois é sinal de que alguém estava lá para isso. Como na publicidade de uísque: você fez a diferença. (Só citei o slogan, não vai aqui nenhum comentário maldoso sobre o álcool, pois sei que o senhor prefere investir na cana-de-açúcar.)Sei também que a elite política brasileira é tão tacanha que acredita que uma caricatura no jornal é homenagem. Então, explico, esse texto não é para tirar umas boas risadas dos seus inimigos nem para satisfazer minha sede de ironia.
É para incomodá-lo profundamente. E, se o fizer, estarei ajudando, indiretamente, o país que pretendo fazer gargalhar.É apenas um toque de quem já foi vaiado ao longo da carreira. Uma vaia dói mais que 1 milhão de críticas no jornal.No entanto, ser vaiado lava a alma da falsa dignidade. O orgulho cai por terra e o personagem se humaniza.Por isso os palhaços se deixam atingir com tortas de creme na cara ou tropeçam como bêbados. Palhaços revelam que não somos o que pensamos que somos. Ao rir de um tolo desses que se esborracha de bunda no chão, nós estamos rindo dos animais que fingimos não ser.Presidente, o senhor é tão animal quanto qualquer um de nós. Um animal que pensa que pensa. Tenho certeza de que, quando colocar a cabeça no travesseiro -sem assessores, sem palpites e sem notícias incômodas- e lembrar dessa vaia, o Lula se sentirá solitário, como afinal são todos os homens. A honra da vaia invadirá a escuridão de seu quarto presidencial e você se lembrará do que foi e do que gostaria de ter sido. E, se ainda tiver algum senso crítico, vai ver como o Lula é hoje. A comparação será dolorosa, única e somente sua.Talvez, no dia seguinte, acorde um pouco diferente, mais disposto a baixar sua própria bola ou a dos seus companheiros no difícil dia-a-dia do Planalto. E isso não tem nada a ver com as próximas eleições, essa preocupação de políticos, colunistas e institutos de pesquisa. Isso tem a ver com a sua incapacidade de ver como é incapaz. Talvez até pegue gosto por se sentir assim.
Admitir-se incapaz como um palhaço já é um passo para honrar as vaias que ainda virão.Agora, para não ser vaiado, use artimanhas de palhaços. Que tal uma campanha pela legalização da corrupção? Se dermos o direito legal dos políticos de retirar sua parte da bolada, eles terão de pagar imposto sobre essa grana. Veremos quem é honesto e cobramos dos desonestos. A imprensa vai parar de te perturbar e fazer complôs para prejudicar esse governo tão... tão de esquerda. Esquerda das planilhas de lucro dos bancos, na casa dos bilhões, onde até os centavos são milionários e de direita.Pense bem, se o político ladrão levar uns 20%, poderia deixar, pelo menos, 3% para o fisco. Já pensou quantas casas populares dá para fazer com 3% da corrupção do país? Seria um avanço social.
Podemos também supervalorizar a carne de vaca. Das que pastam em Alagoas e das que pedem pensão. Nosso machismo estaria garantido com um humor para a torcida e não seríamos vaiados. Que tal?Porém o presidente não está sendo vaiado por idéias como essas, mas porque está fazendo o seu trabalho de fechar os olhos a tudo o que disse que acreditava. O que, convenhamos, meu caro Lula, é bem pior que uma vaia.Foto: Ag. BrasilHugo Possolo, 44, dramaturgo, ator e diretor de teatro, é palhaço do grupo Parlapatões, diz que já foi muito aplaudido e confessa que até gostou de ser vaiado.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

PETISMO FARÁ BRASIL RETORNAR AO TEMPO DO BOI E DO ARADO


O senador Raimundo Colombo (DEM-SC) propôs ao Senado a criação de um plano de ação a fim de encontrar soluções para o provável apagão de energia elétrica que o Brasil sofrerá nos próximos anos. Estudos recentes mostraram que o país poderá sofrer falta de energia elétrica entre os anos de 2010 e 2011. O democrata acusou o governo federal de tentar minimizar o alerta feito pelos especialistas. Em boa hora o senador catarinense levantou um problema gravíssimo que é descurado pelo governo Lula, sugerindo um plano programático capaz de combater a falta de visão integrada do governo petista sobre o assunto. Colombo também alertou para a ação deletéria dos ecochatos que dominam o Ibama que impõem obstáculos absurdos para conceder as famigeradas licenças ambientais para a construção de mais hidrelétricas.



Levantamento apontado pelo senador catarinense revela a inabilidade do Executivo petista para colocar em prática os 51 projetos de criação de usinas hidrelétricas no Brasil. Desses 51, apenas 23 foram construídas - 13 ainda se encontram em fase de implantação e as outras 15 sequer tiveram suas obras iniciadas.Na verdade, o senador democrata colocou o dedo na ferida. Tanto é que Lula, em entrevista nesta quarta-feira, reclamou daqueles que cobram do governo um planejamento sério no que respeita à infra-estrutura energética, sugerindo alarme falso e defendendo os ecochatos do Ibama que negam licenças ambientais para obras de usinas invocando a salvação de bagres, cobras, lagartos e outros bichos.



O alerta do Senador Colombo é totalmente procedente, já que obras de infra-estrutura energética, além de consumirem recursos vultosos, demandam tempo para sua conclusão. Agora mesmo a Argentina está ameaçada de um apagão e é o Brasil é quem está socorrendo aquele país. Enquanto isso, o Paraguai está se tornando um novo barril de pólvora da idiotia latino-americana pronto para explodir com os estilhaços atingindo o Brasil. No páreo para a sucessão presidencial paraguaia há um idiota latino-americano com chance de emplacar. Um dos temas da campanha será a reivindicação de direitos do Paraguai sobre Itaipu.



Nesta quarta-feira, por exemplo, o diário paraguaio ABC Color, cuja linha editorial é frontalmente antibrasileira, acusou o Brasil de estar "se aproveitando" da crise energética argentina vendendo ao vizinho do rio da Prata a energia elétrica "escamoteada" do Paraguai.Como Lula e seus sequazes costumam sempre apoiar esses porras-loucas esquerdopatas não será nenhuma surpresa se amanhã o governo petista, a titulo de "ajuda aos mais pobres", entregar o Brasil aos paraguaios, dando a eles direitos que não têm sobre Itaipu.E o Brasil? Ora, o Brasil voltará ao tempo do boi, do arado e da lamparina.http://oquepensaaluizio.zip.net/

CULTURA POLÍTICA VERSUS ENGENHARIA INSTITUCIONAL


por Paulo Moura, cientista político



No último artigo aqui publicado abordei o problema decorrente da nossa formação histórica como obstáculo à adoção de uma reforma política e institucional de viés democrático. Afirmamos, então, que o processo de modernização da sociedade brasileira acontece de forma contraditória, pois o Brasil arcaico mantém suas raízes no processo de transição para a sociedade pós-industrial. A forma como essa dinâmica se desenvolve obedece a uma lógica própria e se manifesta de forma diferenciada em cada região do país. Os estudos de comportamento político da população nas eleições de 2004 e 2006 revelam clivagens regionais importantes para a análise dessas transformações.



Nos pólos modernos e dinâmicos da economia nacional a voto na oposição se sobressai, e vice e versa. No entanto, as forças políticas contrárias à modernização econômica, política e social assumiram o controle do processo e a reação encontra-se em pleno curso. A tentativa de impor uma Reforma Política nesse contexto constitui óbvia tentativa de congelar o jogo do poder, sob comando das forças retrógradas e corruptas que hoje comandam o país como quadrilhas comandam os sindicatos do crime. A forma como foi conduzido o processo Constituinte de 1988 contribuiu para construir esse cenário e agravar o impasse institucional ainda não desbloqueado e, por isso, o país está mergulhado numa crise política profunda que tem na corrupção generalizada seu mais grave sintoma.O governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso avançou reformas importantes na ordem econômica nacional, mas puxou o freio de mão na hora de encarar o desafio da Reforma do Estado.



No atacado, embora o desgaste político da agenda liberal seja evidente, é a redução do tamanho do Estado que teria o poder de eliminar os cabides de empregos políticos, assim como o acesso dessas máfias aos inúmeros canais de corrupção embutidos no sistema de compras, contratações e concessão de créditos de todo o setor público. Se ficar como está, a tendência é piorar. O custo para sociedade virá através da já asfixiante carga tributária.A comparação do processo brasileiro com a transição vivida pela Espanha, da ditadura de Franco para a democracia atual, demonstra que o debate simultâneo das reformas políticas e institucionais com a implementação de reformas sociais que envolvem interesses econômicos, como ocorreu no Brasil, levou à introdução de elementos complicadores no nosso já complicado quadro institucional. Os interesses corporativos dos segmentos mobilizados da elite social da nação cristalizaram no texto constitucional deveres do Estado para com a realização de direitos sociais, sem avaliar o preço e a origem dos recursos necessários para custear essa opção. Com a chegada do PT ao poder esse problema está se agravando, pois as reformas necessárias para modernizar o Estado estão sendo revertidas. Do ponto de vista econômico o petismo aumenta os gastos públicos e a carga tributária para financiar seu projeto de poder.



Pela via política o petismo está corroendo as bases políticas do poder das velhas oligarquias decadentes, e substituindo-as pelo poder da oligarquia sindical, através da cooptando, a soldo do Estado, das insipientes organizações civis que vinham se constituindo em possíveis sustentáculos sociais à virtual implantação de uma efetiva democracia liberal. Hoje, apenas parte da imprensa livre se constitui em canal de expressão das demandas sociais por liberdade e democracia. A dita sociedade civil independente; minoritária no Brasil, não reage à onda de corrupção e autoritarismo crescente, e não encontra representação no sistema político.A construção de instituições políticas modernas e capazes de dar conta das demandas sociais emergentes e mediar os conflitos, outra pré-condição para a consolidação de uma ordem democrática, não acontece por decreto. A transformação de uma sociedade civil com a herança autoritária e populista como a brasileira é um processo lento e complexo que depende de outra variável, também pré-condição para a consolidação de uma ordem democrática. Trata-se da qualidade das elites políticas que deveriam conduzir esse processo. Isso é possível e já aconteceu em nações de democracia recente como o Japão, a Coréia do Sul e a Irlanda, dentre outros casos.A convivência estável com a aceitação das regras da democracia pressupõe que as forças sociais relevantes existentes num determinado sistema político, tanto no plano coletivo como no nível da conduta dos indivíduos, apostem na sua própria capacidade de resistir às pulsões agressivas elementares presentes na disputa por poder e interesses, reprimidas pelo processo civilizatório. Para conviver num ambiente democrático, indivíduos e organizações precisam aceitar o jogo das práticas simbólicas próprias dos regimes representativos. O pressuposto elementar desse jogo é a obediência à Lei.



Sem essa virtude republicana não pode haver contenção das paixões; nem expressão codificada destas em instituições formais, nem respeito aos contornos e limites constitucionais auto-impostos pela sociedade.A vontade política dos atores constitui-se em componente estratégico para as instituições de regulação do jogo do poder e dos conflitos de interesse. O componente político novo no cenário institucional brasileiro das últimas décadas do século XX é a reciclagem do centro conservador no tabuleiro da política brasileira, herdeiro histórico e político do Estado patrimonialista e do antigo pacto de dominação firmado com o Estado Novo, cujos parâmetros centrais se mantiveram intactos até a decadência do regime militar de 64. Hoje, o Partido dos Trabalhadores, que era o personagem anti-sistema, após a eleição de Lula, aderiu a jogo tradicional e aposta na revitalização dos padrões patrimonialistas de condução da relação Estado/sociedade, desde que, sob seu comando.A consolidação de uma ordem democrática é uma construção histórica e cultural, que, nos países em que ela foi instaurada, aconteceu sob a liderança de atores sociais e políticos legítimos, cientes das virtudes republicanas, e que construíram instituições mediadoras dos conflitos em jogo no mercado político, negociando interesses e objetivos, mas sempre colocando o interesse público acima do privado. O compromisso com a democracia constitui, na sociedade global, condição para a sobrevivência. Para isso, mais do que predominantes no tecido social, os valores habitualmente considerados como próprios da democracia devem parecer às elites, menos custosos e arriscados do que a instabilidade dos regimes autoritários em conflito com setores autônomos da sociedade. Sob o paradigma de desenvolvimento do novo ciclo de expansão capitalista, a existência de uma ordem democrática é um componente central para a viabilização das economias abertas do futuro. Essas transformações, por sua vez, pressupõem a necessidade de adequação e reorientação das funções do Estado e mudanças qualitativas na relação do mesmo com a economia e a sociedade.Não se trata de uma contraposição simplista entre a solução do problema social ou a construção da infra-estrutura de que o país necessita para readequar seus complexos empresariais à economia pós-industrial.



É ilusão imaginar que a integração competitiva ao mercado global pode ocorrer apenas no âmbito das transformações internas de algumas empresas ou setores industriais, dispensando reformas estruturais como as do Estado e das instituições.Conservadores de esquerda em aliança espúria com nacionalistas anacrônicos e oligarquias atrasadas não executarão essa tarefa. Ela passaria pela parceria entre o Estado modernizado, a iniciativa privada, e, do ponto de vista político, requereria a aliança pública entre atores sociais e políticos com interesses complexos e até contraditórios, na construção de um projeto de nação impulsionado por uma elite comprometida com padrões de conduta em relação à coisa pública que estão ausentes na atual conjuntura brasileira.A reforma do sistema partidário e eleitoral; a revisão do Pacto Federativo; a Reforma Tributária voltada para a redução dos impostos e a simplificação do sistema de arrecadação; a Reforma da Previdência, da legislação trabalhista e sindical, e outras, são instrumentos de engenharia institucional necessários ao sucesso de uma empreitada como essa. No entanto, a dinâmica da política, no Brasil e na América Latina, aponta em sentido oposto.As reformas do sistema partidário e eleitoral em debate ignoram as barreiras culturais da população para aceitar regras que, em tese, se consolidaram como boas soluções em outros países.



Temos problemas com relação à proporcionalidade da representação no Congresso Nacional, que tem origem no período de decadência do regime militar e que reduziram o peso eleitoral dos estados mais politizados e modernos da federação, forjando maiorias artificiais que estão garantindo e renovação do controle de forças políticas corruptas sobre o Estado. A possibilidade de controle do eleitorado urbano sobre os mandatos e práticas dos políticos é superior a do eleitorado dos grotões. O Poder Executivo avança sobre as atribuições constitucionais dos outros poderes e vale-se da concentração de poder e recursos oriundos dos impostos para cooptar e corromper as forças sociais e políticas. A governabilidade em sociedades com o grau de complexidade já alcançado pelo Brasil só poderia ser conquistada a partir de um mercado político no qual a qualidade dos atores predominasse. Mas, não é assim porque a conduta individual dominante na vida privada e social dos brasileiros, assim como no mundo dos negócios, está aquém do grau de civilização e cultura política necessários para isso. A ética mafiosa do compadrio (eu te protejo; tu me proteges e danem-se os outros) é preferida às relações de confiança amparadas no respeito ao pacto constitucional, que vigora nas nações amais avançadas do planeta.



As práticas dominantes no ambiente social não oferecem alicerce para que as virtudes republicanas predominem como critério de submissão dos interesses privados ao interesse público. O Brasil está distante do padrão de consenso das democracias anglo-saxônicas. O primeiro passo para nos aproximarmos disso seria fazer pender o fiel da balança para o setor moderno do eleitorado brasileiro, corrigindo as distorções do chamado entulho autoritário. A questão do pacto federativo também se impõe. A Constituinte de 1988 repassou aos estados e municípios um volume de recursos correspondente a funções que a União continuou a desempenhar. Desde então, os sucessivos governos federais têm se dedicado a reverter a tendência à descentralização fiscal e administrativa implantadas a partir de 1989. A descentralização política e administrativa e a autonomia de organizações, atuando como redes, é uma tendência das modernas técnicas de gestão. No aparato estatal não seria diferente. Quanto mais perto do beneficiado estiver a gerência do serviço a ser prestado e o recurso que o financia, maior a eficiência do serviço e do gasto. Em se tratando do setor público, isto também contribui para reduzir os níveis de corrupção e aumentar a transparência das ações do Estado.A redução da interferência do governo na mediação de interesses da sociedade e do mercado contribui para o fortalecimento da democracia. A diferenciação entre o que é público e o que é estatal e a possibilidade de a sociedade controlar a gestão de instituições e fundos públicos e outras iniciativas do mesmo caráter, sem a interferência dos políticos, também se constituiria em avanço democrático. O desafio a ser perseguido é o da inserção competitiva do Brasil na economia pós-industrial globalizada, conjugado ao equacionamento da dívida social e a inserção no mercado econômico e político da maioria da população do país, sob a vigência de uma ordem democrática estável. A elite política brasileira sob o reinado do petismo, no entanto, caminha em sentido oposto. Mais lenta e gradualmente do que Hugo Chávez na Venezuela, mas na mesma direção.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Pelo ralo: Programa de Lula usa professores ’fantasmas"




A ONG Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB) cadastrou no Programa Brasil Alfabetizado, do Ministério da Educação (MEC), professores que nem sabem da existência dessas salas de aula. Algumas turmas informadas pela ONG, que deveriam ter começado as aulas em abril, são fantasmas.Desde segunda-feira, o Jornal da Tarde e o Estado publicam uma série de reportagens sobre irregularidades e desvios no programa de alfabetização do MEC no Estado de São Paulo.




Turmas fantasmas, professores sem salário e atraso das aulas são alguns dos problemas.O CNAB tem 162 turmas e recebeu R$ 266.230,80 do MEC - depositados em 3 de abril, na conta 0000255505, agência 1196, do Banco do Brasil. Patrícia Gomes Machado da Silva é uma das alfabetizadoras listadas que disse desconhecer o seu cadastramento. Segundo as informações repassadas pela ONG ao MEC, Patrícia deveria dar aulas para a turma 495159, de segunda a quinta-feira, na Rua Kiwi Natal, no Grajaú.




A turma deveria ter começado em 2 de abril e terminaria em 30 de outubro. "Dei aula no ano passado, mas parei porque eles não tinham como pagar", afirmou.No mesmo endereço estão cadastradas as turmas 495141 e 495161, da alfabetizadora Maria Lucia Gomes da Silva. Só que Maria Lúcia também deixou o projeto. "Dei aulas em 2005, quando recebi certinho. Em 2006, cheguei a começar as aulas sem receber, só para terminar de alfabetizar meus alunos, mas logo parei."Na Rua Cachoeira de Itaguaçava, 1.056, no Jardim Helena, deveria funcionar a turma 495223, da alfabetizadora Daniela Paula Matos.




Mas ali os moradores informaram que Daniela se mudou há cerca de um ano.Na Rua Esteves Ferreira, 129, bairro de José Bonifácio, a ONG cadastrou a alfabetizadora Sheila Simone Baco, responsável pela turma 495176. Uma moradora, porém, afirmou que não conhece Sheila e não há aulas por lá.O JT procurou, desde a semana passada, o coordenador pedagógico do CNAB, José Carlos da Silva Brito, mas ele não retornou as ligações.AUDITORIADois auditores do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) desembarcaram ontem em São Paulo, vindos de Brasília, para apurar as irregularidades.No escritório do MEC houve uma reunião com a equipe paulista. Segundo Iara Bernardi, representante em São Paulo, os auditores já saíram à procura dos dirigentes de uma das entidades sob suspeita. Ela disse que todas as denúncias serão apuradas.