sexta-feira, 29 de junho de 2007

IMPUNIDADE




28.06, 17h39
por Rodrigo Constantino "A complacência de hoje é paga com a angústia de amanhã; e se ela persiste, com o sangue de depois de amanhã." (Suzanne Labin)O caso dos delinqüentes de classe média que agrediram uma empregada doméstica na madrugada carioca gerou, com toda razão, muita revolta na população. As absurdas declarações, tanto dos agressores como do pai de um deles foram chocantes. Pensaram que se tratava de uma prostituta, e por isso espancaram a coitada, como se bater em prostituta fosse algo normal e aceitável. E o pai alegou que "crianças" que estudam e trabalham não deveriam ir para a cadeia. A sensação de que o crime ficará impune é angustiante, como sempre.



Nos remete ao lamentável caso do índio queimado enquanto dormia por assassinos que logo estavam soltos, de volta à sociedade. A impunidade é, sem dúvida alguma, um dos principais problemas do país, se não o principal.Muitos automaticamente afirmam que os ricos não são presos no Brasil. É verdade, mas os pobres também não são! Falar que há muito mais pobre que rico nas cadeias é confundir correlação com causalidade. Ora, há mais pobre que rico no país! O fato triste é que existe uma enorme impunidade, tanto para ricos como para pobres. Por acaso os invasores de propriedade privada do MST estão na cadeia? Os pobres que assaltam nos locais já conhecidos por todos no Rio de Janeiro estão presos? Os corruptos do "mensalão" estão presos? Quem dos 40 membros da quadrilha montada pelo PT está na cadeia? Seja rico ou seja pobre, o fato é que tem muito criminoso solto no Brasil, pois o império da lei simplesmente não existe.



O caso do espancamento da doméstica deveria servir para a reflexão de muitos "intelectuais" e políticos que, imbuídos do ranço marxista, definem como critério de criminalidade a conta bancária das pessoas, chamando todo pobre de potencial assassino. Colocando como principal causa da criminalidade a miséria, e não a impunidade, estão tratando todo favelado como potencial bandido, ignorando que a ampla maioria das favelas é feita por gente honesta. A lição que a doméstica espancada tem para dar a esses "intelectuais", como os membros da ONG Viva Rio, é muito valiosa. Uma mulher humilde, mas que nem por isso ignora os valores corretos da vida. O caráter das pessoas não é medido pelo saldo no banco, e esses ricos "intelectuais" saberiam disso se olhassem com sinceridade para um espelho!Aqueles que culpam a pobreza pela criminalidade ignoram que vários criminosos são de classe média ou mesmo alta. Em Brasília, por exemplo, existe talvez a maior concentração de ladrões por metro quadrado no país, especialmente mais perto do Planalto.



São pessoas ricas, que gastam fortunas para serem eleitas, mas que roubam como ninguém. O próprio Marcola, líder do PCC, não era um miserável. Os indivíduos reagem a incentivos, sem falar que certas figuras são "frutos podres" mesmo, algo que infelizmente sempre irá existir, por inúmeras causas diferentes. Para lidar com bandidos é preciso a lei, a punição. Passar a mão na cabeça de marmanjos delinqüentes não é a solução. Isso vale para esses garotos de classe média, assim como vale para os mais pobres. A esquerda parece desejar a punição somente para os primeiros, sendo inexplicavelmente complacente com os últimos. Se alguém de classe média ou alta pratica um ato criminoso, os esquerdistas querem punição severa, com razão. Mas são os primeiros a inocentar todos os bandidos mais pobres, como se a pobreza justificasse a criminalidade. O liberalismo defende o império da lei, o que significa isonomia de tratamento, igualdade perante as leis.



Não importa se o criminoso é alto ou baixo, gordo ou magro, negro ou branco, crente ou ateu, homem ou mulher, rico ou pobre, ele deverá ser punido pelo ato criminoso em si, como qualquer outro seria. Quem enxerga o mundo pelas lentes da parcialidade e preconceito são os esquerdistas, que disseminam o ódio de classes, raças, sexo etc. Defendem cotas raciais, afirmam que ricos exploram pobres, enfim, vivem de colocar uns contra os outros em falsas dicotomias, ignorando justamente a igualdade perante a lei, um dos mais importantes valores da sociedade. Se o Brasil pretende ser um país civilizado e avançado, precisa entender a relevância do império da lei. A impunidade é o maior convite ao crime.


Privilégio vem de privi leges, ou leis privadas, feitas para beneficiar algum grupo sempre em detrimento de outro. Isso é o oposto do conceito objetivo de justiça, presente no liberalismo, que defende o fim de todos os privilégios. A justiça é cega, ou seja, ela não deve enxergar a cor, a "raça", o sexo e, sim!, também a renda. Não deveria importar o saldo da conta bancária, apenas o ato cometido. A revolta contra a impunidade dos "filhinhos de papai" é absolutamente justificável e correta. O que não dá para entender é a complacência com os crimes dos políticos de esquerda e do MST, por exemplo. O uso de dois pesos e duas medidas é contraditório ao conceito de justiça. O próprio termo "justiça social" é contrário ao conceito de justiça. Vamos dar um basta à impunidade!


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