quinta-feira, 24 de maio de 2007

LIDER DO GOVERNO NO SENADO É "CAMPEÃO" DE EMENDAS PARA GAUTAMA



Jucá lidera emenda para Gautama

Sérgio Pardellas
BRASÍLIA. Atual líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) incluiu no Orçamento da União de 2005 R$ 94,3 milhões em emendas destinadas a obras tocadas pela Gautama, empreiteira de Zuleido Veras, acusado pela Polícia Federal de coordenar esquema de fraude em licitações e desvio de verba pública. O valor equivale a 55% dos recursos reservados pelo Congresso, por meio de emendas de bancada, a empreendimentos que contaram com a participação da construtora entre 1998 e 2006.



Nesse período, R$ 168,9 milhões incorporados ao Orçamento por parlamentares tinham como destino obras sob responsabilidade da Gautama. Já o Executivo separou outros R$ 341,9 milhões para projetos com participação da empresa. O levantamento foi feito pela Associação Contas Abertas. Na época da inclusão de R$ 94,3 milhões em emendas, Jucá era relator do Orçamento da União no Congresso.



Segundo dados do Sistema de Acompanhamento Financeiro do Governo Federal (Siafi), o senador apresentou duas emendas para obras executadas pela Gautama: uma no valor de R$ 30 milhões, para construção de trechos rodoviários na BR-319 no Estado do Amazonas, e outra de R$ 64,3 milhões, destinada à recuperação de trechos rodoviários nas BRs-116 e 242, localizadas na Bahia.



Procurado pelo JB, o senador - que deixou o Ministério da Previdência no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, depois de ser acusado de oferecer fazendas inexistentes como garantia a empréstimos contratados no Banco da Amazônia - reconheceu ter apresentado emendas no valor de R$ 64 milhões. E declarou desconhecer a quantia restante.



De acordo com Jucá, a inclusão do valor no Orçamento da União foi uma orientação do Ministério do Planejamento, porque o empreendimento constaria da lista de obras prioritárias do Projeto Piloto de Investimentos (PPI). - Eu só formalizei um pedido do ministério - disse Jucá. - Foram emendas referentes ao PPI. O Ministério do Planejamento negou a versão e jogou a responsabilidade pela apresentação da emenda no colo de Jucá. - Não houve orientação do Planejamento. Foi uma iniciativa dele - retrucou a assessoria do ministério. - Em nenhum momento, o ministério pediu para que as emendas fossem apresentadas.



Jucá disse ainda que o governo só autorizou R$ 40 milhões para a obra de recuperação da rodovia na Bahia, dos quais só R$ 2 milhões ficaram efetivamente a cargo da Gautama.
- O restante foi dividido entre outras empreiteiras - declarou o senador.
Segundo servidores do Senado, no dia em que a Polícia Federal deflagrou a Operação Navalha três senadores foram atendidos no serviço médico da Casa com pressão alta. Entre eles, Jucá. A simples apresentação de emenda não implica envolvimento de quem quer que seja em esquemas de corrupção. A Procuradoria-Geral da União ainda investiga se parlamentares receberam propina para apresentar emendas para obras tocadas pela Gautama.
No Congresso, uma CPI para investigar o caso ganha força a cada dia. Perguntado sobre a necessidade de uma comissão parlamentar de inquérito para apurar o caso, Jucá disse ser contra.



- A investigação já está em curso pelas autoridades competentes e num estágio já bem avançado.