quinta-feira, 9 de agosto de 2007

CLASSE MÉDIA TOMA AS RUAS E QUEBRA A HEGEMONIA PETISTA


por Aluízio Amorim


Embora muitos jornais e jornalistas tenham minimizado o movimento que culminou com a passeata "Grande Vaia", procurando imputar-lhe o ímpeto golpista, constatou-se exatamente o contrário, dada à civilidade com a qual se comportaram os manifestantes e sua profissão de fé democrática. A maioria dos mais importantes diários calculou que em Curitiba havia apenas 50 gatos pingados na passeata. Tomo o ato em Curitiba como exemplo de um fato que não foi reportado com acurácia pela mídia. Mas hoje, com a internet e a popularização do YouTube, o site que hospeda vídeos, não adianta mentir e muito menos brigar com os fatos, porque depois aparece lá naquele site um vídeo comprovando o contrário do que foi noticiado. E foi isto que se verificou com relação à Grande Vaia que aconteceu na capital paranaense. Não sei quantas pessoas estiveram presentes, mas seguramente tinha muito mais do que 50 manifestantes. (Procure no YouTube "Passeata em Curitiba).


Uma das oradoras desse ato cívico, como se vê nesse vídeo, tem razão. Os grandes movimentos sociais legítimos começam com pouca gente e sempre correm por fora dos partidos políticos, sindicatos e outras organizações institucionalizadas. O que ocorreu em 10 capitais brasileiras simultaneamente no último dia 4 pode ser o início de um grande movimento. Deve-se ressaltar que essa movimentação foi organizada a partir de comunidades do Orkut, na internet!Quando essa manifestante discursa deixa transparecer que se sente órfã de quem lhe defenda. Na verdade ela está simplesmente apresentando a dura realidade vivida pela classe média. Esta mesma classe média que ajudou Lula e o PT a chegarem ao poder. Hoje esse extrato importantíssimo da sociedade brasileira não tem mais representação política. Foi abandonado pelos governantes e também pelos parlamentares, que se curvam ao poder petista e são por ele pautados.


Tal fato transformou a cultura do "pobrismo" no único projeto de Brasil, sem falar na deletéria dominância da pregação politicamente correta que invoca os direitos humanos para os mais abjetos bandoleiros. Ao tentar esmagar a classe média, o petismo está liquidando com a nação brasileira. Já disse aqui que os países mais desenvolvidos do mundo têm uma classe média que chega a 90 por cento do total de sua população. Ou seja, não têm pobres e muito menos miseráveis.Em que pese todas as mazelas vividas historicamente pela Nação brasileira, o fato é que de uma forma ou de outra, aos trancos e barrancos, houve um processo de modernização e o conseqüente crescimento da classe média e de uma massa crítica que, longe de postular o golpismo, reafirma sua crença nos valores democráticos, demandando a liberdade, o Estado de Direito e o fim da impunidade.Enquanto a "Grande Vaia" mobilizada por aguerridos "orkuteiros" tem o seu viés "undergroud", o Movimento Cívico pelo Direito do Brasileiros, já consagrado como "Cansei", e se desenvolvendo num âmbito mais ordenado, já que foi lançado com a chancela da OAB paulista, mostra também a sua força. O Estadão desta quarta-feira veiculou uma matéria anunciando que o "Cansei!" já programou para o dia 17 deste mês, mais uma manifestação, desta feita na Catedral da Sé, no centro da capital paulista. Aduz a esta informação o fato de que o movimento começa a expandir-se e já ganhou a adesão dos juristas Miguel Reali Jr. E Yves Gandra Martins.


Na classe artística, Irene Ravache, Beatriz Segall e Tom Cavalcanti também aderiram. Hebe Camargo foi a primeira a incorporar-se ao "Cansei!". Outra artista muito popular a aderir é a cantora Ivete Sangalo que poderá ir ao ato em São Paulo ou a Porto Alegre, onde o movimento marcou outra manifestação no Aeroporto Salgado Filho. Ambos os eventos acontecerão simultaneamente a partir das 12h30, com cerimônia ecumênica, o minuto de silencio em solidariedade aos familiares dos 199 mortos na tragédia de Congonhas, seguido do Hino Nacional Brasileiro.Outros importantes segmentos vão se somando ao "Cansei!", como os maçons do Grande Oriente Paulista enviaram ofício ao presidente da OAB/SP, Luiz Flávio Borges D'Urso, comunicando que também estão aderindo.De repente a sociedade brasileira acordou? Parece que sim. E, ainda que esses movimentos sejam por enquanto pequenos estão a indicar claramente que deverão crescer.


É isso que atormenta Lula e o PT e que desencadeia uma série de comportamentos típicos dos fascistas que reivindicam a propriedade das ruas para os seus atos truculentos perpetrados pelos vândalos da CUT, MST e outras falanges de desordeiros financiados com dinheiro público. Numa outra ponta, deixa perplexos os partidos e líderes oposicionistas que se sentem atravancados pela organização autônoma da classe média brasileira, a qual passou a exercer, à revelia dos partidos que deveriam representá-la, a plena cidadania.Isto tudo está acontecendo porque o Brasil encontra-se numa encruzilhada: ou toma o caminho da democracia, da liberdade e do desenvolvimento econômico, ou marcha junto com o populismo anacrônico que sempre faz a festa daqueles que usam o poder do Estado para se locupletar e nele se perpetuar. Por isso mesmo, em boa hora a classe média decidiu retomar as ruas e impor o necessário equilíbrio no jogo político, como convém a uma Nação cujos postulados democráticos estão inscritos na Constituição do Estado.